Você pode me explicar a piada, quer dizer a interface…
Assim como uma boa piada, a interface deve ser simples, clara e intuitiva. Se for necessário explicar como funciona, ela não é tão boa!
Não é de hoje que usamos e abusamos de frases de efeito como ”Less is More”, “Keep It Simple, Stupid (KISS)” e “Don’t Make Me Think” para orientar, ou mesmo doutrinar profissionais e empresas para a importância da simplicidade, intuitividade e usabilidade na criação de produtos digitais. Mas a realidade é que mesmo nas versões Mobile, os sites e aplicativos brasileiros continuam sendo difíceis de usar, lentos e, em sua maioria, com excesso de elementos e funcionalidades desnecessários ao contexto de uso dos seus clientes.
Apesar de antigas, essas frases ainda fazem grande sentido, principalmente para produtos digitais do tipo “LEGO” ou “REXONA”, que são aqueles sites/aplicativos onde sempre cabe mais uma funcionalidade, banner, link…
Quem nunca ouviu algo como “Por que parte da coluna direita ficou vazia?” ou “Para que tanto espaço em branco na home? Preenche logo com mais uma dúzia de elementos, é só diminuir um pouco os espaços entre os elementos e o tamanho da fonte que tudo se encaixa”. O segredo é aproveitar ao máximo os espaços e assim agradar de uma só vez todos os Stakeholders, não é mesmo?
Talvez isso possa ajudar a explicar porque os carrosséis automáticos com 10, 15 ou até 20 itens rotativos tenham virado febre nos sites, em particular os de comércio eletrônico, afinal, não existe maneira mais eficiente para mitigar o narcisismo corporativo por destaques na página inicial.
Carrosséis automáticos corroboram para uma experiência lenta e frustrante, mas não são os únicos vilões dessa história. Na verdade, eles são resultado de decisões equivocadas de produto que continuam sendo tomadas por achismos, pressa, recorrentes Copy and Paste e por escolhas unilaterais dos HIPPO’s (Highest Paid Person’s Opinion), sem nenhum tipo de colaboração e rastreamento para validação de possíveis hipóteses.
Pesquisas e testes com usuários se tornam um luxo dispensável, afinal, o produto é para ser entregue ASAP (As Soon As Possible). Se é para ontem, não se pode esperar que tenha qualidade, certo?
Como resultado temos experiências ruins, que fazem com que as pessoas fiquem em dúvida, confusas e angustiadas, com medo de errar e sem saber onde clicar/tocar. Em muitos casos, se culpam pelo insucesso da interação com frases como: “Não sou bom com computador”, “Eu sempre erro”, “Morro de medo de fazer besteira”, “Não tenho competência com essas coisas”, entre outras tantas frases onde se colocam como incapazes de realizarem tarefas. Mal sabem elas que incapaz foi a equipe responsável pelo produto.
Por essas e outras que a luta por uma cultura de interfaces mais simples, intuitivas e fáceis de usar está longe de acabar e essas frases de efeito continuam em alta.